segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

confie nelas...

"Estas são suas asas, confie nelas."

Me disse ela pressionando suas mãos sob minhas costas, enquanto eu expirava todo o ar que tinha nos pulmões.

O ar velho, o ar que ficou de tempos atrás.

De vez em quando é importante expirar até não poder mais,
e ainda assim soltar mais um pouco de ar.

Saí dali renovada.
Ainda tinha viva em meu corpo a dança feita há minutos atrás.
E ela permanecerá em mim.

O lugar onde ela tocou é um lugar que eu sinto dores com frequência.
Certa vez uma pessoa me disse que eu era um anjo e o que me dói é a ausência das asas...

Agora eu reencontro as asas, resignifico-as...

Que venham novos ares.
Buenos Aires.
Estou chegando.


segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

"Estou arrumando..." - série bagunça interna (eterna?)

A bagunça continua.
Ela vai e volta, na verdade.
Uma hora ela se vai! (?)
Falo da urgência da organização do ambiente ao meu redor.
Neste caos não dá!
Não falo de baguncinhas diárias, falo de catástrofes, de verdadeiros furacões que passam espalhando roupas, livros, cds ("cedêres") e tudo o mais que vier pela frente!

Falo de cenas (verídicas) como:

Uma pessoa entra no quarto, pisa num cd importante de dados que não dá mais recuperar e quebra.

ou

eu na milésima tentativa de organizar, acano pisando em um brinco e este fica enfiado no calcanhar...

Isso lá é vida? Tem que andar com um mapa do tesouro pra chegar de um quadradinho de madeira a outro...mas será possível????

domingo, 12 de dezembro de 2010

bonequinhos de chuva


Chuva é abundância!
E foi abundância de público n'O Corpo Perturbador!

Mas não custa nada, garantir que São Pedro vai dar a trégua né? (Embora reconheça o trabalho maravilhoso de pirotecnia da estréia... arrasou, Pedro!)

Então aderi aos bonequinhos de chuva*, que conheci através de Du....

tudo bem que o meu ficou mais parecendo baianas de acarajé de chuva, mas ficou lindo! (e funcionou!)

viva O Corpo!


* os bonequinhos de chuva são aqueles "do criança esperança" que fazemos de papel, e aí coloca na janela para a chuva ir embora!

Das pequenas coisas I



Chá Yoguitea e infusor de coração da marca Tealosophy de Inés Berton (Argentina)


1. Aprendendo a saborear um chá feito por mim.
Da vontade ao esquentar a água.
Da escolha da xícara ou caneca ao sabor...
Ver a água mudar de cor, sentir o aroma...
Saborear.
De tudo isso fazer um ritual de preparação interno,
uma meditação.
Estou aprendendo...



quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

êxtase...



Choro contigo barco
Pela praia que deixas
Pelo sol que se deita
Longe das pedras do cais
Choro contigo barco
Amanhã talvez não chore mais
Choro meu choro parco
Neném que a mãe não mais aleita
Choro a caça que espreita
Bem perto a mira do algoz
Choro catarinetas
´manhã alguém chora por nós
Choro saber que
Os açudes não são o mar
Que não se pode guardar
Em alguidares de areia
Choro o destino das sereias
E o desatino do astrolábio
Choro saber que o homem sábio
Pode morrer se não souber nadar
Choro contigo e parto
Nas ondas vagas incertas
As nossas velas abertas
São ferramentas do caos
Chore comigo barco
A sina de todas as naus





Oxum!






Ora iê iê Oxum!







....

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Pertubações na madrugada


E agora…nua, sentada no banco da cozinha, cheiro de lavanda, coluna torta para a esquerda, último comprimido de Valeriana tomado, escutando uma seleção de Jazz que fiz agora há pouco, depois de um dia atípico de arrumação intensa da hora que acordei até agora sem pausa que não seja para comer, eu me pergunto:
O que me perturba no Corpo Perturbador?
Será que vou acordar meses depois da estréia vomitando tudo que vivi?
De súbito tudo virá a tona?
Como pode esse filho recém-nascido tocar na minha imensidão íntima desse jeito?
Mas é um toque pra baixo, profundo.
“Mergulha…” – me diz entre dentes.
E também me diz aos berros.
E me diz numa língua que nem sei…
e me diz aos saltos e chicoteios.
Me diz do alto e também ao rastejar.
E me grita se batendo em seus próprios limites.
Me intimida com olhares que vagam dias na minha imaginação…
E que me deixa com medo, pavor, alegria, tesão, ansiedade, alívio, paz, loucura, contentamento, devaneios, euforia, euforia e euforia mais três vezes, e me faz SENTIR.

Eu sei que eu sinto, mas…

Me aco(r)de, Corpo!




... e eu aprendendo a ouvir Jazz ao som de Duke Ellington. Do dia 5 de dezembro de 2010

Bendito seja!

domingo, 5 de dezembro de 2010

Do blog amigo...

QUARTA-FEIRA, 24 DE NOVEMBRO DE 2010

PARECE QUE VAI CHOVER ou melhor CHUVA DA INDONÉSIA

" E exatamente então ela ouve alguma coisa. Uma coisa tambem seca, que a deixa ainda mais seca de atenção. É um rolar de trovão seco, sem uma saliva, que rola, mas aonde? No céu nu e absolutamente azul nenhuma nuvem de amor que chore. Deve ser de muito longe o trovão. Ao mesmo tempo o ar tem cheiro adocicado de elefantes grandes, e de jasmim adocicado na casa ao lado. A Índia invadindo o Rio do Janeiro com suas mulheres adocicadas. Um cheiro de cravo de cemitério. Irá tudo mudar tão de repente? Par quem não tinha nem noite, nem chuva, nem apodrecimento de madeira na água - para quem não tinha senão pérolas, será que a noite vai chegar? Vai ter madeira enfim apodrecendo, cravo vivo de chuva de cemitério, chuva que vem da Malásia?"








CLARICE LISPECTOR, Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres



... uma aprendizagem ou.... ficar sem palavras uns tempos, ficar cheias de palavras presas no umbigo, ou pelos nós da garganta... ou ficar úmida úmida úmida nos olhos, cabelos boca pés boca de novo. úmida de vida que vai brotando... e um grito que começa como um roncar de estômago e vai vibrando o corpo, e vibrando ....
e será que vai sair? quando? sei lá, sei lá...
é, a vida tem sempre razão.

(e o galo canta. ele está berrando, na verdade.)

sábado, 27 de novembro de 2010

Calma, Di!

Tudo tem sua hora.

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Sentada no meu casulo dentro de minha própria casa, a vida da casa rola lá na sala. No sofá.
Quase 80 anos entregues à programação da Globo.
Ao seu lado, a moça que trabalha em casa.
São felizes assim. A casa ri o dia inteiro.
E assistem ao programa da Xuxa enquanto eu "moro" no quarto.
De repente eu escutei uma música que não escuto há anos e que mexeu comigo.
Podem rir:

Up and down

É estranho se sentir mal mesmo quando não tem nenhum motivo para tal.
(Rimou até. E que brega!)

É algo que não se explica e nem consegue se arrancar do corpo.

Como pode?

Segundo Rollo May é o vazio o grande problema... isso em 53! Mas tão atual...

é um não saber o que se sente...

e ficar assim, como eu*, tão reticente...

(*eu sempre acho que sou a única a sentir tudo que sinto... Mé já diria "Só você." com aquele ar irônico que me irritava e hoje eu mesma falo pra mim)

“…quero dizer não só que muita gente ignora o que quer, mas também que frequentemente não tem uma idéia nítida do que sente. Quando falam sobre falta de autonomia, ou lamentam sua incapacidade para tomar uma decisão – dificuldades presentes em todas as épocas – torna-se logo evidente que seu verdadeiro problema é não ter uma experiência definida de seus próprios desejos e necessidades.” Rollo May


Referência:
May, Rollo. O homem à procura de si mesmo. Petrópolis: Vozes, 1991.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

De quando falei da gravidez.

Uma caixinha de música...

Um chapéu preto de veludo... france-cadeaux...

Uma colher de pau especial.

Um "fazedor-de-chá-em-forma-de-coração".

Clarissa, Clarice.

Pinkola Estés, Lispector.

Caderninhos, folhas coloridas, recicladas por uma companhia de mulheres paulistanas...

Uma máquina fotográfica.

Tremendo, eu disse:

"Vou dizer uma frase mas não entendam litealmente:

Estou grávida."


Foi assim que me apresentei. Tocando a caixinha ainda trêmula, com aquelas mulheres ali.
Aquelas.


Éramos oito, o infinito!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

de repente, ver que o ano esta acabando me assustou.
mas me alegra saber que está em mim há tanto.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Tudo mais é puro alvoroço...

Ladeirinha

Composição: Djavan

Quase à noitinha ela desce
A ladeirinha que faz
Lado com o meu quintal
Os seus passos ágeis livres
Trazem o amor ideal

Feito de laço posse viço
Vertical na dor e um sol
Todo tempo a brilhar
Pelos rios matas virgens desse seu corpo
Que eu desejo amar

O dia é vago quando eu não a flagro a sorrir para mim
Posso ver imagens no nada
Duendes no edredon
E é só dormir pra ouvir em qualquer lugar
Sirenes no ar
Ressaltando você

O dia nasce e você já envolta num véu
Traz a luz
Flores se esgarçam num bailado em busca de atenção
Mais nada existe enquanto a vejo passar
O que é seu andar
Que ventura esse chão

Tudo mais é puro alvoroço
Que a imagem de um colosso
Provoca dia a dia

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A saudade as vezes aperta muito forte..e isso dói.
Hoje tenho dia de chuva e chove dentro de mim.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

aqueles olhos marejados

Aquela lágrima demorou a cair.
Ficou nos olhos esperando a última palavra do desabafo saltar da boca.
No impulso dessa palavra ela escorregou e molhou o rosto que jamais vi com essa emoção.
Já vi de muitas formas. Mas nunca assim.
E mais uma vez me vi.
É assim...
muitas vezes me vejo em você.
Mas isso não me assusta mais como antes.
Me ver nos outros.
Afinal, acredito que somos todos uma coisa só.

Podemos nos reconhecer no outro por afinidades ou antíteses...
Temos afinidades no que diz questão às águas.
Em você eu me lanço e mergulho nas águas profundas.
Ver um pouco da sua água como vi hoje mudou alguma coisa em mim.

Sou tão grata à vida por você existir.

Para Edu O. do meu coração.


.

Carta


quinta-feira, 12 de agosto de 2010

VIAJAR


A verdadeira arte de viajar


A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa

Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.

Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali...

Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!


Mário Quintana


___________________


Um homem precisa viajar.

Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor.

Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto.

Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto.

Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz ser professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.


Amyr Klink


* Post inspirado em um amigo muito do coração que está vindo almoçar aqui*

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

quinta-feira, 17 de junho de 2010

(In)esperado.

Quase um mês depois e estou de volta.

Hotel Buena Vista (Idania Valdez e Aquila Rose)

He told me passion
And compassion
In the hotel Buena Vista
His treats were noisy
Like in New Jersey
But nothing matter when we kisseda

His body language in me fused
I felt my heart was in fire
I was lost in the arms of a stranger
I was lost in the charms of this stranger

Yo no luchaba él me entregaba
El susurraba “es para siempre”
Yo no dudaba, era sincero
Cuando me hablaba de su amor eterno
Mi buena estrella no me defendió
Frente a esos ojos que puedo hacer yo

Me perdí en la piel de un extraño
Y me hundí sin remedio en sus brazos

I was lost in the arms of a stranger
I got lost in the charms of this stranger

Lost oh so lost, couldn’t see
Right from wrong
Fooled by the cool
Of his dangerous soul

En sus palabras no podré creer
Tendré cuidado si lo veo volver
Me perdí en la piel de un extraño

I was lost in the arms of a stranger
Didn’t see any signs of danger
I got lost the arms of a stranger (de un extraño)

sábado, 15 de maio de 2010

Relembrando Claire...

Mary and Max


"Última tentativa de selar a paz: Me encontre as 17h no Cine XIV. Estarei com sapatos vermelhos."

E foi assim...
A tarde de preparações da energia, banho, músicas...
O nervoso no ônibus, a decepção de não ter o encontrado no ônibus. (Aí seria sintonia demais!)
Os passos sobre as pedras e a pergunta no céu da boca: ele passou por aqui?
Descendo a ladeira e imaginando as possíveis desculpas que ele poderia dar justificando a ausência. De repente fui surpreendida, tirou meu ar no mesmo lugar que há três anos atrás: quando olhei pela fresta da porta do cinema...
Era ele!
Nos abraçamos forte e eu me enchi de paz, minha alma sorria.
Compramos os bilhetes mas ele nem sabia do que se tratava.
Tampouco eu.
Mas só em estar revisitando aquele lugar que eu frequentava há 3 anos atrás já me bastava.
Senti um alívio ao perceber que o cheiro não havia mudado. Meu Cine XIV ainda era o mesmo.
As cadeiras estavam vermelhas. Adorei.
E a grande alegria: a barra de ferro que apoiava meus pés.
Estava tudo ali.
Um reencontro com a paz de estar com ele, e com a paz de estar comigo.
Espero que essa energia também o contagie e que possamos alçar belos vôos daqui pra frente.

ps.: Estáva_os a sós no cinema.
ps2.: O fil_e é que ne_ eu: cheio de detalhes e _ais u_ tanto de _iudezas. Pequenas preciosidades.
ps3.: Não anda_os de _ãos dadas.
ps4.: Saí deste encontro co_ _ais a_or no coração, se_ dor ou lágri_as.


sexta-feira, 14 de maio de 2010

volta que o mundo dá.

"Um dia eu senti um desejo profundo
De me aventurar nesse mundo
Pra ver onde o mundo vai dar


Saí do meu canto na beira do rio
E fui prum convés de navio
Seguindo pros rumos do mar ..."

Vânia Abreu canta essa música mas não quis colocar o final pois sou chegada num banzo, e espero que isso demore de acontecer quando eu começar a voar.

Eu discordo completamente da última frase desta música:

"Quanto mais a gente se solta, mais fica no mesmo lugar."

Mas algo nesta música me chama, eu gosto. Não sei bem o que.

O nome da música é "Na volta que o mundo dá"

Grávida




Estou grávida. Acho que já é uma gestação antiga, mas agora está começando a diferenciar os gametas há anos fundidos.


Sabe? Quero ficar um tempo, sozinha, cheia da minha presença.


Com minhas coisinhas, minhas caixinhas coloridas, minhas latas, meus infinitos caderninhos e escritos e escritos e escritos. Meus recortes... Meus livros, cds e dvds.


Minhas cores. Meus cheiros. Lembranças. As memórias das águas, os vestidos curtos na alma de dentro, as minhas esperas, as minhas esperanças.


Minhas inquietudes. A solitude, amiga.


O silêncio amigo de muito tempo. Que só agora reconheço o real valor.


Quero me conhecer.


Mas não é um "encasular-me" sem fim. Dessa vez não é para me esconder das sensações e sim para aprofundá-las. É mesmo esse sentir-se grávida e querer se recolher um pouco para alimentar o bebê que vai chegar. Um sentir que só imagino pois nunca experimentei.


Essa barriga sou eu. Esse bebê sou eu. O leite vai sair de mim e vai me alimentar. Estou grávida de mim.




Adoro viajar, viajar pra longe e viajar pra dentro.


Vou fazer essa viagem, sem mapas, sem bússola. Mergulhar em mim.


Não tenho medo, muito pelo contrário.


Na verdade sinto um puta medo. "e dá medo do que que dá."


As vezes dói.


E as vezes gosto de chorar me olhando no espelho.


Amo os meus olhos. Odeio quando os comparo com outros ou quando passa pela minha cabeça que eles seriam mais bonitos de outra cor.


Gosto de vê-los vermelhos e sentir as lágrimas nos lábios.


Adoro ser baiana mesmo quando me chamam de "gringa" no Pelourinho.


E de comer dendê e pimenta o quanto quiser sem ter dor de barriga.


Adoro fazer listas. Listas do que comprar. Listas do que quero comer. Lista do que levar. Lista do que quero deixar de fazer. Lista do que aprendi no relacionamento que acabou. Lista do que devo mudar no próximo relacionamento. Lista dos lugares que quero conhecer. Lista disso, daquilo outro. - paranóia? pode ser... mas prefiro não ser tão dura assim comigo e me divertir com as listas... no fim das contas reciclo tudo!


Acho "chic" colocar umas músicas em francês (mesmo não entendendo quase nada além de abajour), dançar com uma taça na mão, chorar de emoção, comer uns bombons igualmente chiques. Numa sala com piano. Embora eu não saiba tocar.


Sou tímida ainda que muita gente não acredite. A princípio...

Mas se me der 1 mL de ousadia, eu me espalho. E se me der 1 mL de "ozadia" então... hai ai.

Eu também costumo utilizar uma fuga pra esses momentos de timidez que não me ajuda em nada, escapo na esculhambação. Quando o assunto é sério, é só soltar uma piada... Olha, Di, não é bem assim que a banda toca!


As vezes não consigo falar sobre mim. Sinto tudo mas quando falo acho que não era nada disso.

Mas adoro escrever.

Será que sou duas pessoas? Sou tantas dentro de mim? Sim.

Escrever. Escrever....Escrever cartas. Cartas para mim. Cartas para amigos distantes e amigos que moram a metros.

....









sábado, 8 de maio de 2010

vômito.

Não quero ficar formulando demais antes de escrever. Isso aqui pra mim é um canto, um recanto das minhas letras que podem sair como estiverem... fluidas, tempestuosas, com cheiro ou sem cheiro, com gosto de ferrugem, com tesão ou não.

Agora me deparo com a estante de livros. Quantos eu já li? Tenho essa mania de acumular coisas, nossa... é incrível. Acumulo revistas para recortar amanhã, acumulo livros para ler depois, apostilas extras sendo que nem dei conta das minhas próprias, filmes que vou ver depois, coisas que vou consertar depois, roupas que vou tinturar um dia para usar quando eu estiver magra!

Não dá. É uma espera sem fim do dia em que eu vou viver as coisas que planejo, anoto, faço listas, me preparo, acumulo...

Ansiedade.Sensação de que algo vai acontecer.Gula.Insaciedade constante.Vou comendo a casa.Quero engolir o mundo.Tudo.Iniciativas sem "acabativas".Começos, começos e começos fugindo do fim. Falta de finalizações nos ciclos. Iminência.